Red y Consejo

Silo, arte e latitude rural

Silo nasceu em 2017, apoiada pela experiência, de algumas de nós, no desenvolvimento de modelos laboratoriais de experimentação e inovação, há 10 anos. A convergência da associação foi possível a partir da sinergia entre pessoas que habitam, trabalham e pesquisam espaços rurais e de áreas ambientais. A Silo é uma estação rural que, na atualidade, traz perguntas e respostas pertinentes às questões de nosso tempo. Ela nasce do desejo de promover o trânsito de saberes entre campo e cidade, evidenciando que nas extremas periferias há produção de pensamento, arte, ciência e tecnologia. Ela reflete, por um lado, a experiência geracional de filhos e netos de camponeses, gente do campo que se relaciona com as novas tecnologias. Por outro, reflete a vivência de uma geração urbana que deseja estar no campo.

Queremos evocar o símbolo comunal presente nos silos, dando a ver sua potência coletiva e a importância do que é bem comum.

Um silo é uma edificação que funciona como recipiente para armazenar, em temperatura adequada, sementes, grãos, biomassa e manufaturados. Cavados no solo, os silos arcaicos tinham uma forma redonda e senoidal, que ficavam ou no centro das ocas, nos quintais, ou em espaços comunais que atendiam até mesmo grandes populações como as do Egito antigo. No Brasil, os Yawalapiti, como os demais alto-xinguanos que vivem basicamente da agricultura e da pesca, ainda armazenam o polvilho e a massa de mandioca em silos no centro das ocas.

Hoje, inversa à forma ancestral, a maioria dessas estruturas são verticalizadas. A proliferação desses edifícios verticais está diretamente ligada à superprodução de grãos da agricultura restrita ao comércio de matéria prima. Hoje os silos são – imponentes – símbolos do agronegócio, deixaram de ser estruturas de subsistência e passaram a funcionar como meio de acumulação e exploração.

Para nós, trazer o nome Silo é também disputar o imaginário rural que vem sendo devastado pelas grandes estruturas econômicas e industriais. É recobrar, de certa forma, a autonomia sobre a produção de alimentos e de pensamentos. É militar pela mitigação dos impactos produzidos pela desconexão do campo e da natureza porque os saberes e o modo de vida do campo e dos povos que vivem na natureza precisam ser respeitados, cuidados e preservados.